sábado, 18 de setembro de 2010

Um acordar diferente

Um dia, como todos os outros, comum, normal. Levantei-me e senti que algo estava errado. Ouvia coisas que antes não ouvia, via pormenores em que antes não reparava e sentia três membros que antes lá não estavam. Com cautela toquei na cauda negra que perlongava a minha coluna e pigarriei. Aterrorizada corri para a casa-de-banho em busca de um espelho. Deparei-me com uma estranha-conhecida. Tinha as memas feições, os mesmos olhos e o mesmo cabelo que eu, mas com um extra par de orelhas felinas e bigodes meio espessos. Senti repulsa e medo, ninguem poderia saber. Cortei os bigodes com uma tesoura, usei uma bandolete espessa e capuz, prendi a cauda ao tronco com gaze e usei a roupa mais larga que tinha.
Nunca mais fui a mesma depois desta metamorfose, pois quem esconde um segredo, principalmente se tiver os sentidos mais apurados, não age da mesma forma que o normal, o mediano.

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